Técnicas

Pesca de fundo no mar: guia completo para capturar peixes de profundidade

Domine a arte da pesca de fundo marinha e capture garoupas, badejos, vermelhos e pargos. Aprenda montagens, técnicas de fundeio, leitura de corrente e segredos para pescar em profundidades de 10-80+ metros.

Barco de pesca costeira navegando ao amanhecer

Foto de Timothy A. Gonsalves via Wikimedia Commons (CC BY-SA 4.0)

O que é Pesca de fundo no mar?

A pesca de fundo no mar é técnica clássica e produtiva para capturar espécies nobres que habitam estruturas rochosas, parcéis, lajes e naufrágios em profundidades de 10-80+ metros. Segundo informações compiladas pela iscabox de pescadores de mar experientes, esta modalidade oferece consistência excepcional: enquanto pesca de superfície depende de condições ideais e peixes ativos, pesca de fundo produz ano inteiro porque espécies residem permanentemente em estruturas profundas. As espécies-alvo são prêmios: garoupas e badejos (predadores robustos 5-30 kg), vermelhos (cioba, arioco, dentão - carne nobre), pargos e sargos (seletivos mas abundantes), e eventualmente chernes e meros (troféus raros). A técnica exige equipamento robusto (varas pesadas, linhas grossas, chumbos de 200-800g), conhecimento de montagens específicas (correr com empate de aço, samburá para iscas vivas), e compreensão de corrente marinha que influencia tudo. O desafio principal é combater corrente forte em profundidade (requer chumbos pesados para isca chegar ao fundo), estruturas que enroscam facilmente (pedras, coral), e peixes poderosos que correm para dentro de tocas após fisgados (combate vertical agressivo necessário). É pesca técnica, física e recompensadora - não há nada como sentir peso maciço de garoupa de 15 kg tentando voltar para pedra 40m abaixo.

Por que usar esta técnica?

  • Espécies nobres: garoupas, badejos, vermelhos, pargos
  • Produtiva ano inteiro - peixes residem em estruturas
  • Profundidades 10-80m+ em parcéis, lajes, naufrágios
  • Combates verticais poderosos - peixes correm para tocas
  • Iscas naturais predominam (lula, sardinha, camarão)
  • Técnica robusta - equipamento pesado necessário

Equipamentos necessários

Vara e carretilha/molinete

  • Vara: 1,60m a 2,10m, ação rápida, potência pesada/extra-pesada (20-50 lb)
  • Molinete ou Carretilha: Molinete 6000-10000 ou carretilha grande para mar com drag 8-15 kg
  • Observação: Vara curta e forte facilita combate vertical de profundidade

Recomendação: Para pesca de fundo marinha, equipamento robusto é ESSENCIAL. Vara curta (1,60-2,10m) e potente (20-50 lb) para combater verticalmente peixes que correm para tocas - vara longa é desvantagem. Molinete de alto drag (6000-10000) com capacidade para 300m+ de linha 0,50-0,60mm, ou carretilha convencional marinha. Rolamentos selados contra corrosão. Investimento em equipamento adequado faz diferença entre capturar e perder peixes.

Linhas e terminal

  • Linha principal: Monofilamento 0,50-0,70mm (30-60 lb) ou multifilamento 50-80 lb
  • Empate/Líder: Fluorocarbono ou aço 60-100 lb, 1-2m (proteção contra corte)
  • Chumbo: 200-800g conforme profundidade e corrente (mais fundo/corrente = mais peso)
  • Anzóis: Anzóis de mar forjados 6/0 a 10/0 (garoupas/badejos), 2/0 a 4/0 (vermelhos)
  • Girador e snap: Heavy duty tamanho 3/0 a 5/0 - suportam peso e combate

Iscas recomendadas

ModeloTamanhoPesoCores recomendadas
Lula inteira ou em tiras
Lula 15-25cm inteira ou cortada em tirasIsca universal - todas espécies comemNatural (branca com manchas)
🎣Sardinha inteira ou em filés
Sardinha 10-15cm frescaExcelente para garoupas e badejosNatural (prateada)
🎣Camarão vivo ou morto
Camarão 7-12cmProdutivo para vermelhos e pargos seletivosNatural (rosa/laranja)
🎣Peixes vivos (savelhas, manjubas)
Peixe-isca 8-15cm vivo em samburáApresentação suprema - garoupas grandes não resistemNatural (vivo)

Passo a passo da técnica

Como executar

1

Compreenda estrutura de fundo marinho

TIPOS DE ESTRUTURA: (1) PARCÉIS: montes rochosos que sobem do fundo - peixes concentram no topo e laterais, (2) LAJES: áreas planas de pedra com tocas e fendas, (3) NAUFRÁGIOS: estruturas artificiais com peixes residentes, (4) CORAIS: estruturas vivas com biodiversidade. LOCALIZAÇÃO: use GPS com waypoints compartilhados, sonar para mapear estrutura, ou observe outros barcos (turismo de pesca). COMPOSIÇÃO: fundos de pedra = garoupas/badejos, areia com pedras = vermelhos, coral = biodiversidade. Estrutura = peixes. Fundo liso de areia = água morta.

💡 Dica: Compre waypoints de produtores locais ou troque com pescadores! Conhecer estruturas produtivas vale mais que equipamento caro.
2

Montagem clássica de correr para fundo

MONTAGEM: (1) Linha principal, (2) Passa chumbo com furo central (200-800g), (3) Miçanga ou contas (protege nó), (4) Girador triplo ou barrel swivel, (5) Empate 1-2m de fluorocarbono/aço 60-100 lb, (6) Anzol 6/0-10/0 forjado. FUNCIONAMENTO: chumbo CORRE na linha até girador - quando peixe pega, sente resistência da isca mas não peso do chumbo (sensibilidade!). VARIAÇÃO: para garoupas grandes, use empate de aço 1x7 (60-80 lb) - dentes e corte em pedras. Para vermelhos/pargos, fluorocarbono (menos visível).

💡 Dica: Use chumbo pirâmide em fundo de pedra (prende melhor, não deriva com corrente) e chumbo gota em areia (desliza fácil)!
3

Técnica de fundeio e posicionamento

ANCORAGEM: posicione barco ACIMA da estrutura (upcurrent) e ancore. Corrente empurra linha para trás - iscas descem sobre estrutura. DISTé NCIA: ancore 15-30m antes da estrutura - linha desce em diagonal com corrente chegando no alvo. DERIVA: se corrente muito forte para ancorar, derive lentamente sobre estrutura soltando linha. MÚLTIPLAS VARAS: permitido, posicione 2-4 varas em suportes - aumenta chances. IMPORTANTE: nunca ancore diretamente sobre estrutura - perderá âncora em pedras!

💡 Dica: Use sonar constantemente! Quando mostrar estrutura embaixo, solte linha imediatamente - sua isca está sobre área produtiva.
4

Trabalho da isca e detecção de toque

AFUNDAMENTO: solte linha com freio levemente travado até chumbo tocar fundo (linha para de correr). POSICIONAMENTO: recolha 1-2 voltas deixando isca 0,5-1m acima de fundo - evita enroscar mas permanece na zona. AÇÃO: levante vara 30-50cm e deixe retornar (dá vida à isca), ou mantenha parada (isca natural ondula com corrente). TOQUE: peixes de fundo ENGOLEM - toque é peso súbito, linha corre ou vara curva. Não precisa esperar - FISQUE imediatamente quando sentir!

💡 Dica: Em corrente forte, mantenha dedo na linha sentindo vibração. Qualquer mudança = possível ataque! Sensibilidade tátil é crítica.
5

Combate vertical e prevenção de enrosco

FISGADA: forte e múltipla para cravar anzol grande em boca dura. COMBATE INICIAL: CRÍTICO - primeiros 3-5 metros você DEVE bombear vara forte e recolher rápido impedindo peixe correr para toca/pedra. Se entrar em toca, perdeu 90% das vezes. TÉCNICA: bombeio agressivo (levanta vara com força, recolhe linha rápido ao baixar vara). MEIO DO COMBATE: após tirar de fundo, mantenha pressão constante. Peixes fazem corridas mas sem estrutura para ajudar, você vence. FINAL: use passaguá grande - peixes de fundo são pesados e volumosos.

💡 Dica: Regra de ouro: primeiros 5 metros de combate definem vitória ou derrota! Force bombeio agressivo tirando de estrutura RÁPIDO.
6

Manejo de corrente e escolha de peso

CORRENTE FRACA (<1 nó): chumbo 200-300g suficiente até 30-40m. CORRENTE MODERADA (1-2 nós): 400-600g para manter no fundo. CORRENTE FORTE (>2 nós): 600-800g ou mais - física simples, peso vence corrente. TESTE: se linha faz barriga grande e não sente fundo claramente, AUMENTE peso. INDICADOR: ângulo de linha - quanto mais vertical, melhor. Ideal é linha 60-70° do vertical. DICA: em corrente muito forte, espere janela de maré (virada de maré tem 30-60 min de calmaria relativa - OPORTUNIDADE!).

💡 Dica: Leve chumbos de pesos variados (200, 400, 600, 800g)! Condições mudam durante dia - adapte peso conforme necessário.

▶️Veja a técnica na prática

Quando e onde usar

Condições Ideais

  • Parcéis, lajes e naufrágios em profundidade 10-80m
  • Marés de quadratura (luas quarto - corrente mais fraca)
  • Virada de maré (troca de enchente/vazante - calmaria)
  • Manhã cedo (06h-09h) e final de tarde (16h-18h)
  • Dias de mar calmo (ondas <1m facilita ancoragem)
  • Águas claras a levemente turvas
  • Primavera e verão (peixes mais ativos)
  • Fora de período reprodutivo (respeite defesos)
  • Temperatura de água 22-28°C (ideal para espécies tropicais)
  • Estruturas conhecidas e mapeadas (GPS waypoints)

Não Recomendado Para

  • Corrente muito forte >3 nós (impossível manter fundo)
  • Marés de sizígia (luas cheia/nova - corrente máxima)
  • Fundos lisos de areia sem estrutura
  • Águas muito turvas ou com bloom de algas
  • Mar agitado com ondas >2m (ancoragem perigosa)
  • Áreas com tráfego intenso de barcos
  • Profundidades >100m (equipamento convencional inadequado)
  • Durante período de defeso das espécies

Variações da técnica

Samburá com isca viva

Montagem especial: gaiola de arame (samburá) com isca viva dentro + anzol grande na traseira. Samburá desce ao fundo - peixe-isca vivo nada dentro atraindo predadores. Garoupas enormes não resistem. Técnica premium mas requer cuidado mantendo iscas vivas.

Jigging de fundo (vertical)

Substitua isca natural por jig de metal 80-250g. Trabalhe verticalmente com toques agressivos. Mais ativo que isca natural parada - dispara peixes reativos. Excelente para badejos e garoupas ativas. Menos produtivo que natural mas mais esportivo.

Montagem com boia submersa

Adicione boia submersa (balloon) 1-2m acima do anzol. Mantém isca elevada do fundo evitando enroscar em estrutura áspera. Produtiva para vermelhos que nadam acima de rochas. Técnica para fundos muito acidentados.

Empate múltiplo (duas iscas)

Empate com dois anzóis em alturas diferentes (separados 50cm). Testa duas profundidades simultaneamente e aumenta chances. Cuidado: mais enrosco também. Use em fundos limpos ou com iscas flutuantes que ficam suspensas.

Segredos dos especialistas

💎Teoria da janela de maré

Melhores momentos são 1 hora antes até 1 hora após virada de maré (enchenteé vazante ou vazanteé enchente). Corrente diminui, peixes aproveitam para alimentar. Planeje saídas para chegar na estrutura 30 min antes da virada - janela de 90-120 min de pesca premium.

💎Leitura de fundo por toque de chumbo

Desenvolva sensibilidade: chumbo batendo pedra lisa (toc-toc regular), coral (toc irregular áspero), areia (suave sem som), galhadas (prende e solta). Fundos de coral/pedra irregular concentram mais peixes. Memorize composição de estruturas produtivas.

💎Sistema de rodízio de profundidades

Com múltiplas varas, posicione em profundidades diferentes: uma no fundo, uma 2m acima, uma 4m acima. Identifica onde peixes estão ativos. Quando uma vara produz, ajuste outras para mesma profundidade. Eliminação científica.

💎Modificação de isca para flutuação

Insira isopor ou boia pequena dentro de lula/sardinha (corte lateral, insira, feche com anzol). Isca flutua ficando suspensa acima de fundo - evita enroscar e apresenta-se em zona onde vermelhos/pargos nadam. Técnica sutil que aumenta produtividade 30%.

💎Análise de conteúdo estomacal

Primeiro peixe capturado, abra estômago e veja o que comeu. Se cheio de camarão, use camarão. Cheio de lula, use lula. Estômago vazio = peixes famintos (qualquer isca funciona). Ciência simples aplicada = mais capturas.

💎Técnica do sacrifício (perda proposital)

Em estruturas muito ásperas, primeira descida frequentemente enrosca. DEIXE enroscado e faça segunda descida - terminal anterior serve de âncora evitando deriva, e pode atrair peixes curiosos. Perda tática se traduz em mais capturas. Counter-intuitive mas funciona!

Espécies mais capturadas com esta técnica

🐟

Garoupa e Badejo

Taxa de sucesso: Muito alta (85%)

Ver guia da espécie →
⭐️

Vermelhos (cioba, arioco, dentão)

Taxa de sucesso: Alta (80%)

Ver guia da espécie →
🐟

Pargos e Sargos

Taxa de sucesso: Média-alta (75%)

Ver guia da espécie →
🎣

Cherne (em estruturas profundas)

Taxa de sucesso: Baixa mas troféu (20-30%)

Ver guia da espécie →

Pontos-chave para memorizar

🎣
Estrutura é tudo
Parcéis, lajes e naufrágios concentram peixes - conhecer estruturas = sucesso
Combate inicial crítico
Primeiros 5 metros determinam vitória - force saída de tocas RÁPIDO
⚖️
Peso vence corrente
Chumbo adequado à corrente é fundamental - adapte conforme necessário
🎣
Equipamento robusto
Vara pesada, linha grossa, drag forte - investimento essencial
A pesca de fundo no mar representa técnica clássica e consistente para capturar espécies nobres que habitam estruturas rochosas em profundidades de 10-80+ metros. Segundo informações compiladas pela iscabox de pescadores de mar experientes, esta modalidade oferece vantagem única sobre pesca de superfície: produtividade ano inteiro independente de condições - enquanto peixes de superfície migram, dispersam e respondem a variáveis climáticas, espécies de fundo (garoupas, badejos, vermelhos, pargos) residem permanentemente em estruturas específicas (parcéis, lajes, naufrágios, corais) tornando pesca previsível e replicável. A técnica funciona através de princípios diretos: localizar estrutura submersa via GPS/sonar, posicionar barco upcurrent (antes da estrutura permitindo corrente levar linha sobre alvo), descer montagem com chumbo pesado (200-800g) vencendo corrente até fundo, e apresentar iscas naturais (lula, sardinha, camarão) que espécies de fundo não conseguem resistir. O equipamento é especializado e robusto: vara curta 1,60-2,10m de potência pesada/extra-pesada (20-50 lb) para combate vertical poderoso, molinete grande 6000-10000 com drag 8-15 kg ou carretilha marinha convencional, linha monofilamento 0,50-0,70mm ou multi 50-80 lb, empate/líder fluorocarbono ou aço 60-100 lb (proteção contra corte em pedras/dentes), e anzóis forjados 6/0-10/0 para garoupas ou 2/0-4/0 para vermelhos. A montagem clássica usa sistema 'de correr': chumbo com furo central corre livremente na linha até girador/swivel que conecta empate de 1-2m com anzol - quando peixe pega isca, sente resistência mas não peso do chumbo maximizando sensibilidade. O desafio crítico está no COMBATE INICIAL: após fisgada, peixes de fundo tentam desesperadamente voltar para tocas/pedras onde ficam praticamente irretiráveis - os primeiros 3-5 metros de combate são DECISIVOS. Técnica correta: fisgada forte múltipla, seguida de bombeio agressivo (levantar vara com força, recolher linha rapidamente ao baixar) forçando peixe sair de estrutura antes que se refugie. Se permitir entrar em toca, chance de captura cai para 10%. Após tirar de fundo, combate se torna gerenciamento de corridas e pressão constante. Condições ideais são marés de quadratura (luas quarto crescente/minguante com corrente mais fraca), virada de maré (30-60 min de calmaria relativa entre enchente/vazante), manhã cedo e final de tarde quando peixes alimentam ativamente, e mar calmo (<1m ondas) facilitando ancoragem precisa. Erros fatais incluem: equipamento inadequadamente leve (perda de peixes e terminal), chumbo leve demais que não alcança/mantém fundo em corrente, ancoragem sobre estrutura (perderá âncora), e principalmente não forçar combate inicial permitindo peixe refugiar em toca. A beleza da pesca de fundo marinha está na consistência e troféus: diferente de técnicas oportunistas, estruturas produtivas continuam produtivas semana após semana, ano após ano, e cada descida pode resultar em garoupa 15 kg, badejo 10 kg, ou ocasional cherne 30+ kg que vive décadas em estrutura específica. É pesca robusta, técnica e recompensadora que conecta pescador com espécies nobres do oceano. Comece localizando estruturas conhecidas (compre/troque waypoints), invista em equipamento robusto adequado, pratique montagem de correr, e prepare-se para combates verticais intensos que testam equipamento e determinação. A pesca de fundo marinha transforma saídas em aventuras onde cada conexão pode ser troféu de vida!

Conteúdos relacionados

Jigs para pesca

Seleção de jigs para diferentes aplicações

Saber mais →

Robalo flecha: guia completo

Predador de água salgada e estuários

Saber mais →

Corvina: guia completo

Espécie popular de água salgada

Saber mais →

Jigging vertical no mar: guia completo da técnica para peixes de fundo e meia-água oceânicos

Domine o jigging vertical no mar e capture grandes predadores oceânicos. Aprenda técnicas, equipamento e estratégias para pescar verticalmente em profundidades de 10-100m+.

Saber mais →
IB

Equipe iscabox

Guia compilado com base em técnicas estabelecidas, informações de pescadores experientes e conhecimento disponível publicamente sobre pesca esportiva.

📧 contatoiscabox@gmail.com🌐 iscabox.com
📅 Publicado em 12 de novembro de 2025